quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Voz do Pastor - A unção de Betânia


Caros irmãos e irmãs, chama nossa atenção que ultimamente tem se manifestado dentro da Igreja uma atitude crítica, estranha à autêntica tradição cristã, que desaprova o esforço empregado na beleza e dignidade do culto cristão. Entre os motivos alegados alguns aludem até à simplicidade de Jesus Cristo. A este respeito, convido a meditarmos sobre o conhecido episódio da Unção de Betânia (Jo 12), na qual Cristo, estando na casa de seus amigos, tem os seus pés ungidos com um caríssimo perfume.
Aos olhos incrédulos, não parece desproporcionada a pergunta de Judas, um dos apóstolos: “Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?” (Jo 12,5). A posição de Maria, que ungiu os pés do Senhor, entretanto, parece ser distinta e é Cristo que a explica quando diz: “Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura” (Jo 12, 7).
O texto evangélico nos revela que por trás de uma caricatura de piedade cristã que não receia em gastar consigo – porque Judas “dizia isso não porque ele se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam” (Jo 12,6) –, mas vê com maus olhos o desperdício com as coisas de Deus, se escondia o rosto do traidor.
Caros amigos, se nos decidimos a caminhar com Jesus, em um cotidiano encontro com o Senhor na sua Palavra, na Liturgia da Igreja e no amor fraterno, devemos esforçar-nos por recebê-lo sempre bem.
A primeira preparação deve ser evidentemente interior, uma atitude profunda do coração, um movimento daquele que ama e procura o Senhor de sua vida. Porém, pressuposta esta, também devemos dispor os meios externos.
O Concílio Vaticano II nos ensina que “Cristo está sempre presente na sua igreja, especialmente nas ações litúrgicas” (SC 7), de modo que “a Liturgia, ao mesmo tempo que edifica os que estão na Igreja em templo santo no Senhor (...) robustece de modo admirável as suas energias para pregar Cristo e mostra a Igreja aos que estão fora” (SC 2). Se tal é a importância do culto, não nos surpreende a exclamação do salmista: “Senhor, eu amo a casa onde habitais e o lugar em que reside a vossa glória” (Sl 25, 8).
Uma das finalidades de nosso dízimo e ofertas deve ser o culto, sua beleza e dignidade, nisto se reconhece a atitude daqueles que todos os dias se alegram com a presença de Cristo que nos da a vida eterna e nos convida a subir com ele para Jerusalém. Também nestes detalhes manifestamos nossa fé ao mundo, e nosso amor a Deus.

Dom Edney Gouvêa Mattoso,
Bispo Diocesano de Nova Friburgo

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