segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Amizade, dom de Deus – parte III

         
        Caríssimos leitores, temos nos detido nestes últimos meses na prazerosa investigação das bênçãos que Deus nos concede através do Dom da Amizade. Já perpassamos os caminho da contemplação do exemplo deixado por Cristo nas relações fraternas que Ele estabeleceu com os seus e no grande amor com o qual Deus nos ama, a ponto de se poder afirmar: “De tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). Hoje, perseverando nestas veredas, na reta final de nossas considerações acerca deste tema, nos ateremos à ação de Deus em nossas vidas, através das nossas amizades. 
        O grande escritor William Shakespeare, em O Menestrel, nos deixa um grande legado para nossa reflexão: “bons amigos são a família que nos permitiram escolher”. E, se posso atrever-me a completar esta frase, não poderíamos deixar de arrematá-la assim: “através dos amigos, Deus nos permite sentir que somos todos membros de uma mesma família”. 
         De fato, amigos, somos todos membros da mesma família, da qual Deus é o Pai. Ora, este Pai que tanto nos ama e nos congrega como irmãos, deseja que nossa existência seja ilustradacom o companheirismo, antes mesmo da cumplicidade, dos amigos que Ele nos inspira. Por esse motivo, não é absurdo quando dizemos: “este amigo é um irmão para mim”! Sem dúvidas, somos irmãos, e tanto mais teremos consciência disso, na medida em que vivenciarmos a irmandade nesta família. 
          Assim, entendemos que tais irmãos não são escolhidos por nós, mas, nas incertezas de um mundo de acontecimentos aparentemente caóticos em sua sucessão, reluz a glória de Deus a inspirar-nos intercessores das auspiciosas bênçãos d’Ele em nossa vida, companheiros indispensáveis na jornada e, muitas vezes, confidentes de nossas inquietas aflições ou aspirações. Os amigos são degraus que nos levam à graça insondável que Deus quer derramar em nós, como de fato o faz, já ao concedê-los à nossa fraqueza. 
        Não são raras as passagens da Sagrada Escritura que nos falam da responsabilidade e necessidade da correção fraterna, cujo objetivo único é sinalizar o caminho que nos leva a Deus: “aquele que fizer um pecador retroceder do seu erro, salvará sua alma da morte e fará desaparecer uma multidão de pecados” (Tg 5, 20); ou ainda: “se teu irmão pecar, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho teu irmão” (Mt 18, 15) . Precisamente, por isso, devemos compreender as diferenças entre os seletos amigos que Deus nos concede (aqueles que se assemelham a Cristo em sua missão: mostram-nos Deus) e os muitos colegas de travessuras que a vida nos apresenta. Dessa forma, saberemos valoriza-los como um presente de Deus, um verdadeiro Dom que Ele nos concede através da Amizade.
 
Rafael de Oliveira Archetti
A. D. MMXI

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